sexta-feira, 2 de setembro de 2011

CASO IGOR XAVIER

No dia 1º de março de 2002, a cidade mineira de Montes Claros recebeu, com pesar e surpresa, a notícia do bárbaro assassinato do bailarino e coreógrafo Igor Leonardo Lacerda Xavier. O motivo do crime: HOMOFOBIA.


O assassino confesso é o fazendeiro Ricardo Athayde Vasconcelos, que contou com a participação do seu filho, Diego Rodrigues Athayde. Em depoimento, bastante elaborado, Ricardo relatou que conheceu Igor Xavier em um bar e o levou, de táxi, até seu apartamento para que entregasse alguns livros sobre o tema que conversaram na mesa, filosofia. No local, quando Ricardo voltou do banheiro, encontrou Igor abraçado ao seu filho, segurando-lhe os órgãos genitais. Ainda segundo o fazendeiro, num impulso, sacou as duas armas - uma pistola 380 e um revólver calibre 38 – e disparou acidentalmente contra o bailarino.


Ele alega que solicitou ajuda do irmão, Márcio Athayde Vasconcelos, que o levou para outro local. Mais tarde, Ricardo Athayde decidiu voltar ao apartamento para se desfazer do corpo, com apoio do filho Diego. Abandonaram a vítima e as armas à beira de uma estrada que liga Montes Claros a São João da Vereda. Em seguida fugiram rumo a Belo Horizonte, onde residem livremente até hoje. Conforme informações da polícia, Igor Xavier foi atingido por 5 tiros, sendo um deles na testa, disparado a uma distância máxima de 30cm, e outro a queima-roupa na nuca, o que cria uma certa contradição nas declarações de disparos acidentais.


A mãe de Igor, Marlene Xavier, divulgou uma carta aberta à imprensa nacional relatando os fatos conforme apuração de amigos e familiares. Nela, Marlene acrescenta que seu filho foi levado ao apartamento do fazendeiro sob o pretexto de buscar livros que iriam ajudá-lo no seu próximo espetáculo. Chegando lá, foi torturado e assassinado por pai e filho, que depois arrastaram-lhe escada abaixo (cerca de três andares), maltratando-o terrivelmente. Ela diz que vizinhos ouviram os disparos e acionaram a polícia, que não se fez presente, descobrindo os fatos já ao amanhecer, enquanto Ricardo e Diego fugiam para Belo Horizonte.


Marlene relata ainda em sua carta que, após o pedido de prisão preventiva, um habeas-corpus foi negado em Belo Horizonte, mas concedido em Brasília, possivelmente por meios fraudulentos, tendo em vista o poderio financeiro e influência política da família. Vale constar que o assassino é irmão do político Luiz Antônio Athayde, que já foi secretário Adjunto Estadual de Fazenda e Subsecretário de Assuntos Internacionais da secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais. Há também informações, não-oficiais, de que os assassinos são parentes do ex-prefeito de Montes Claros. Além disso, em 2005, o advogado de defesa dos réus ingressou na cúpula do secretariado de defesa do Estado mineiro.


De acordo com informações veiculadas na imprensa, o juiz responsável pelo pedido de prisão da dupla ressaltou que, até nas rodas sociais mais elevadas da cidade, insinua-se que se não fosse a influência e poder aquisitivo da família Athayde, os assassinos já estariam na cadeia.


O assassinato de IGOR XAVIER é mais um caso brasileiro onde os assassinos são conhecidos e permanecem impunes. O próprio assassino em seu depoimento disse: "Não suporto homossexuais!".

Um comentário:

  1. Precisamos lutar para que países que respeitem os Direitos Humanos imponham sanções econômicas ao Brasil. Só assim a horrenda homofobia e impunidades acabarão e o país deixará de ser o campeão mundial em assassinatos de LGBT's. Apenas lembrando que o caso mais famoso , midiático e emblemático da homofobia aqui no Brasil, o assassinato de Edson Néris, em 06 de fevereiro de 2000 também fará 12 anos e os 22 neonazistas que o assassinaram na Praça da República em São Paulo - SP estão soltos e passeiam por aí, todos livres, alguns têm até perfil no Facebook e tem um que é dj , hoje, em Santos, SP.... vergonhosamente...
    Ricardo Aguieiras
    aguieiras2002@yahoo.com.br

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